Abstract:
O ensaio analisa criticamente o conceito de Am Haarets – tradicionalmente associado ao “ignorante” nas fontes rabínicas – e propõe uma reinterpretação inclusiva desse termo no contexto do ensino judaico contemporâneo. A partir de uma revisão histórica e textual das fontes bíblicas, farisaicas, mishnáicas e talmúdicas, o autor evidencia a evolução semântica de Am Haarets desde um termo polissêmico até sua cristalização como categoria de exclusão no judaísmo rabínico hegemônico. O trabalho questiona a centralidade do letramento e da leitura textual como marcadores de pertencimento religioso, destacando a primazia da oralidade na tradição judaica e a existência histórica de judeus fora dos circuitos institucionais de transmissão da Torá. Dialogando com autores como Oppenheimer, Halbertal, Ben-Zion e Hezser, o texto denuncia o viés elitista das narrativas tradicionais e propõe a valorização da diversidade interna do povo judeu – cultural, religiosa e epistemológica. Ao resgatar a figura do Am Haarets como símbolo de judeidades não normativas, o estudo reivindica uma pedagogia judaica pluralista, crítica e comprometida com as múltiplas formas de vivenciar e transmitir a tradição.Full Text
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